segunda-feira, 11 de março de 2013

Experiência de vida - Histórias de quem conheceu outras culturas

Para aprender uma língua estrangeira, nada melhor do que um intercâmbio estudantil. Vivenciar uma nova cultura, conviver com pessoas de todas as partes do mundo e ainda adquirir conhecimento é imprescindível para quem quer ser competitivo no mercado de trabalho. Maria Eduarda Nagata e Juliana Berbigier relatam as experiências vividas durante o intercâmbio estudantil.

Preparação

Maria Eduarda Nagata, 16 anos, moradora de São Jerônimo, que fez o intercâmbio “High School” pela World Study, em Junction City, no estado do Oregon, em 2012, revela que a preparação para a viagem é muito importante para que o intercambista consiga adaptar-se a nova realidade.

Maria Eduarda Nagata, primeiro dia na neve
- A agência marca uma conversa contigo e com a tua família, junto com a psicóloga deles. A minha preocupação era engordar demais, e eles me prepararam pra isso, me explicando que seria algo normal, por causa da ansiedade que a viagem gera. Depois, eles fazem reuniões mensais, durante cinco meses, com o grupo dos intercambistas, para preparar o pessoal para viagem – revela.

O início

Ao chegar nos Estados Unidos, Maria Eduarda sentiu que o início não seria fácil. Ela conta que nos primeiros dias sentiu muita saudade de casa, mas que o apoio da família que a recebeu foi fundamental para que ela seguisse em frente.
- Era a minha primeira experiência em inglês, eu tava apavorada. Quando cheguei em Seattle, minha penúltima escala, tentei ligar pros meus pais e não consegui. Daí que a ficha caiu, pensei “não acredito que eu já to aqui, não acredito que eu fiz isso”. Me sentei no aeroporto e desabei chorando. Fui pra lá numa quarta, e só descobri quem me receberia na segunda. Não tive tempo de conhecer a família. Quando eu cheguei, eles foram super receptivos, sempre foram muito legais.  Eles faziam eu me sentir muito acolhida – comenta.

Juliana Berbigier, de 18 anos, moradora de Charqueadas, em 2011 viajou para Plant City, na Flórida, pela STB, onde ficou por seis meses, e revela como foi o seu período de adaptação.

- Senti muita falta da minha casa, da família. Lá a gente é tipo um hóspede, não é a mesma coisa. Eu troquei de família, não me adaptei e pedi pra trocar. Fui morar na casa de uma amiga minha da Alemanha, que também era intercambista. Na segunda família, a gente fazia tudo junto, saíamos todo final de semana, assistíamos filmes, era diferente. Adaptei-me mais rápido, mas não perdi contato com a primeira família – destaca. 
Juliana Berbigier, na Plant City High School
 Maria Eduarda Nagata também conta que a timidez pode atrapalhar na hora de realizar um intercâmbio. Segundo ela, ser comunicativo é imprescindível para fazer amigos e interagir com uma realidade completamente diferente.
- Tu tem que ir muito na cara e na coragem, chegar e conversar com as pessoas, eles não querem invadir o teu espaço. Tu começa a fazer amigos de verdade lá pela metade do intercâmbio, depois de uns dois ou três meses. Fiz muitos amigos no meu último mês lá. Eu queria sair com eles e aproveitar o que eu não tinha feito nos outros meses. Queria muito ter conhecido essas pessoas antes, teve gente que eu conheci três semanas antes de voltar, e não tive tempo de ter muito contato. O último mês foi muito intenso, e passou muito rápido. Eu continuo falando com várias amigos que fiz lá, todo dia.
Tu também fazes amizade com o pessoal que faz parte do grupo de intercambistas. Tu te aproximas delas, conhece a história e te identifica – diz.
Juliana Berbigier revela que aproveitou para conhecer diferentes lugares e pessoas durante o intercâmbio, e que nesse tempo fez vários amigos.

- Eu viajei muito lá. Eu fui pra Disney (eu morava a 40 minutos de lá), fiz cruzeiro com a família, fui pra Jamaica, pro Haiti. Lá tem muita oportunidade, dá pra fazer muitas coisas diferentes. Fiz muita amizade com o pessoal que tava fazendo intercâmbio, de outros países como Japão, Coréia, Rússia, Alemanha, e também com o pessoal da escola que eu estudei - relata.

 Ensino e educação

Juliana destaca a importância da realização do intercâmbio, que aprimorou o seu conhecimento da língua inglesa e da cultura americana.
- Estudei no segundo ano do ensino médio. Lá, tu faz só cinco matérias, e os períodos são bem mais longos. Estudei Matemática,Inglês, Espanhol, História, Criminalística (que envolve Biologia, Física e Química) e Yearbook, que é tipo jornalismo, onde a gente prepara o livro anual com entrevistas e fotos.
Juliana Berbigier, arquivo pessoal
Quando tu faz um curso de inglês, tu aprende a escrever, e muito pouco a falar. Cinco anos estudando inglês aqui, equivalem a seis meses vivendo e aprendendo lá. Se tu for pra lá sabendo pouco, tu volta falando inglês fluente, com certeza. Na primeira semana foi difícil, depois eu entendia tudo que eles falavam, e me comunicava normalmente – conta.

“Sonhando” em inglês

Maria Eduarda comenta que o aprendizado durante o intercâmbio foi enorme, e que com o passar do tempo acostumou-se com a nova língua.
- A vivência do inglês é muito boa, o pessoal é bem compreensivo e te ajuda a aprimorar a conversação. Foi muito estranho chegar lá e ter que falar só em inglês, mas é fácil se acostumar. Quando eu vi, já tava até pensando em inglês. Um dia eu cheguei a sonhar em inglês, e foi a realização da minha vida. Fiquei muito feliz.

Mudança dos hábitos alimentares

Em relação à alimentação, ao fazer um intercâmbio, é preciso ter muito cuidado para não abusar dos fast food’s e das comidas gordurosas.
- Na minha cidade, tinha uns cinco ou seis fast food’s. Eles comem muita porcaria. A família que me recebeu era bem saudável, mas lá isso é bem raro. Comida é sempre muito rápida, pois eles não têm tempo pra parar e comer – explica Maria Eduarda.
Juliana conta que ao voltar para o Brasil teve que fazer mudanças em sua alimentação.
A comida era muito diferente daqui, lá só tem fast food. Quando eu voltei pro Brasil, tive que fazer uma dieta de reeducação alimentar para me readaptar – diz.


Por que fazer intercâmbio?

Para quem gostaria de entrar em um programa de intercâmbio, mas tem receio ou não sabe por onde começar, Juliana e Maria Eduarda deixam alguns conselhos e dicas importantes, que ajudaram ambas a aproveitar tudo que essa experiência pode proporcionar.

Família americana que recebeu Maria Eduarda, os Fioritos
- Não precisa ter medo, é uma experiência que tu vai levar pra vida toda. Vai te fazer crescer como pessoa, traz independência. Isso é muito bom pra se autoconhecer, testar os teus limites e conhecer uma cultura diferente. É ótimo, mas tem que ir com a cabeça aberta pra aceitar o que vier e aproveitar tudo que for possível.  Quando eu fui fazer snowboard, fiquei com receio, mas pensei: “quando eu vou conseguir fazer isso de novo?”, e fui, sem medo. Se eu pudesse, teria feito mais vezes – revela Maria Eduarda.

Segundo Juliana, além do aprendizado e do conhecimento, o amadurecimento pessoal e a independência foram as suas principais conquistas.
- Eu passei por tudo sozinha, não tinha pra onde correr, pois minha família estava no Brasil. Tinha que resolver tudo por minha conta, lidar com responsabilidade com o meu próprio dinheiro aprendi a ser independente. É muito difícil se arrepender de fazer um intercâmbio. Tu sempre sai ganhando, tu aprende muito. O meu intercâmbio valeu muito, aprendi bastante sobre a cultura do país e sobre a língua inglesa. Recomendo a todos que, se puderem, façam um intercâmbio. Foi uma experiência única, adorei ter feito – conclui.

Fotos: Arquivo pessoal


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