Para aprender uma língua estrangeira, nada melhor do que um
intercâmbio estudantil. Vivenciar uma nova cultura, conviver com pessoas de
todas as partes do mundo e ainda adquirir conhecimento é imprescindível para
quem quer ser competitivo no mercado de trabalho. Maria Eduarda Nagata e Juliana Berbigier relatam as
experiências vividas durante o intercâmbio estudantil.
Preparação
Maria Eduarda Nagata, 16 anos, moradora de São Jerônimo, que
fez o intercâmbio “High School” pela World Study, em Junction City, no estado
do Oregon, em 2012, revela que a preparação para a viagem é muito importante
para que o intercambista consiga adaptar-se a nova realidade.
Maria Eduarda Nagata, primeiro dia na neve |
- A agência marca uma conversa contigo e com a tua família,
junto com a psicóloga deles. A minha preocupação era engordar demais, e eles me
prepararam pra isso, me explicando que seria algo normal, por causa da
ansiedade que a viagem gera. Depois, eles fazem reuniões mensais, durante cinco
meses, com o grupo dos intercambistas, para preparar o pessoal para viagem –
revela.
O início
Ao chegar nos Estados Unidos, Maria Eduarda sentiu que o
início não seria fácil. Ela conta que nos primeiros dias sentiu muita saudade
de casa, mas que o apoio da família que a recebeu foi fundamental para que ela
seguisse em frente.
- Era a minha primeira experiência em inglês, eu tava
apavorada. Quando cheguei em Seattle, minha penúltima escala, tentei ligar pros
meus pais e não consegui. Daí que a ficha caiu, pensei “não acredito que eu já
to aqui, não acredito que eu fiz isso”. Me sentei no aeroporto e desabei
chorando. Fui pra lá numa quarta, e só descobri quem me receberia na segunda.
Não tive tempo de conhecer a família. Quando eu cheguei, eles foram super
receptivos, sempre foram muito legais.
Eles faziam eu me sentir muito acolhida – comenta.
Juliana Berbigier, de 18 anos, moradora de Charqueadas, em
2011 viajou para Plant City, na Flórida, pela STB, onde ficou por seis meses, e
revela como foi o seu período de adaptação.
- Senti muita falta da minha casa, da família. Lá a gente é
tipo um hóspede, não é a mesma coisa. Eu troquei de família, não me adaptei e
pedi pra trocar. Fui morar na casa de uma amiga minha da Alemanha, que também
era intercambista. Na segunda família, a gente fazia tudo junto, saíamos todo
final de semana, assistíamos filmes, era diferente. Adaptei-me mais rápido, mas
não perdi contato com a primeira família – destaca.
Juliana Berbigier, na Plant City High School |
- Tu tem que ir muito na cara e na coragem, chegar e
conversar com as pessoas, eles não querem invadir o teu espaço. Tu começa a
fazer amigos de verdade lá pela metade do intercâmbio, depois de uns dois ou
três meses. Fiz muitos amigos no meu último mês lá. Eu queria sair com eles e
aproveitar o que eu não tinha feito nos outros meses. Queria muito ter
conhecido essas pessoas antes, teve gente que eu conheci três semanas antes de
voltar, e não tive tempo de ter muito contato. O último mês foi muito intenso,
e passou muito rápido. Eu continuo falando com várias amigos que fiz lá, todo
dia.
Tu também fazes amizade com o pessoal que faz parte do grupo
de intercambistas. Tu te aproximas delas, conhece a história e te identifica –
diz.
Juliana Berbigier revela que aproveitou para conhecer
diferentes lugares e pessoas durante o intercâmbio, e que nesse tempo fez
vários amigos.
- Eu viajei muito lá. Eu fui pra Disney (eu morava a 40
minutos de lá), fiz cruzeiro com a família, fui pra Jamaica, pro Haiti. Lá tem
muita oportunidade, dá pra fazer muitas coisas diferentes. Fiz muita amizade
com o pessoal que tava fazendo intercâmbio, de outros países como Japão,
Coréia, Rússia, Alemanha, e também com o pessoal da escola que eu estudei -
relata.
Juliana destaca a importância da realização do intercâmbio,
que aprimorou o seu conhecimento da língua inglesa e da cultura americana.
- Estudei no segundo ano do ensino médio. Lá, tu faz só
cinco matérias, e os períodos são bem mais longos. Estudei Matemática,Inglês,
Espanhol, História, Criminalística (que envolve Biologia, Física e Química) e
Yearbook, que é tipo jornalismo, onde a gente prepara o livro anual com
entrevistas e fotos.
Juliana Berbigier, arquivo pessoal |
Quando tu faz um curso de inglês, tu aprende a escrever, e
muito pouco a falar. Cinco anos estudando inglês aqui, equivalem a seis meses
vivendo e aprendendo lá. Se tu for pra lá sabendo pouco, tu volta falando
inglês fluente, com certeza. Na primeira semana foi difícil, depois eu entendia
tudo que eles falavam, e me comunicava normalmente – conta.
“Sonhando” em inglês
Maria Eduarda comenta que o aprendizado durante o
intercâmbio foi enorme, e que com o passar do tempo acostumou-se com a nova
língua.
- A vivência do inglês é muito boa, o pessoal é bem
compreensivo e te ajuda a aprimorar a conversação. Foi muito estranho chegar lá
e ter que falar só em inglês, mas é fácil se acostumar. Quando eu vi, já tava
até pensando em inglês. Um dia eu cheguei a sonhar em inglês, e foi a
realização da minha vida. Fiquei muito feliz.
Mudança dos hábitos alimentares
Em relação à alimentação, ao fazer um intercâmbio, é preciso
ter muito cuidado para não abusar dos fast food’s e das comidas gordurosas.
- Na minha cidade, tinha uns cinco ou seis fast food’s. Eles
comem muita porcaria. A família que me recebeu era bem saudável, mas lá isso é
bem raro. Comida é sempre muito rápida, pois eles não têm tempo pra parar e
comer – explica Maria Eduarda.
Juliana conta que ao voltar para o Brasil teve que fazer
mudanças em sua alimentação.
A comida era muito diferente daqui, lá só tem fast food.
Quando eu voltei pro Brasil, tive que fazer uma dieta de reeducação alimentar
para me readaptar – diz.
Por que fazer intercâmbio?
Para quem gostaria de entrar em um programa de intercâmbio,
mas tem receio ou não sabe por onde começar, Juliana e Maria Eduarda deixam
alguns conselhos e dicas importantes, que ajudaram ambas a aproveitar tudo que
essa experiência pode proporcionar.
Família americana que recebeu Maria Eduarda, os Fioritos |
- Não precisa ter medo, é uma experiência que tu vai levar
pra vida toda. Vai te fazer crescer como pessoa, traz independência. Isso é
muito bom pra se autoconhecer, testar os teus limites e conhecer uma cultura
diferente. É ótimo, mas tem que ir com a cabeça aberta pra aceitar o que vier e
aproveitar tudo que for possível. Quando
eu fui fazer snowboard, fiquei com receio, mas pensei: “quando eu vou conseguir
fazer isso de novo?”, e fui, sem medo. Se eu pudesse, teria feito mais vezes –
revela Maria Eduarda.
Segundo Juliana, além do aprendizado e do conhecimento, o
amadurecimento pessoal e a independência foram as suas principais conquistas.
- Eu passei por tudo sozinha, não tinha pra onde correr,
pois minha família estava no Brasil. Tinha que resolver tudo por minha conta,
lidar com responsabilidade com o meu próprio dinheiro aprendi a ser
independente. É muito difícil se arrepender de fazer um intercâmbio. Tu sempre
sai ganhando, tu aprende muito. O meu intercâmbio valeu muito, aprendi bastante
sobre a cultura do país e sobre a língua inglesa. Recomendo a todos que, se
puderem, façam um intercâmbio. Foi uma experiência única, adorei ter feito –
conclui.
Fotos: Arquivo pessoal
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